quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Maldade


Não é uma questão de ser má. É a malícia inerente a todos nós que eu deixo aflorar cada vez

mais e mais e mais... Bem e mal são coisas relativas demais e a sutieza dos sabores

amargos como uma taça de um bom vinho seco me encantam e me absorvem. Num momento que eu me

sinto um tanto sem rumo, o que posso fazer é fechar os olhos e deixar o olfato me guiar.

Não é uma questão de ser má. É só o fato de não negar que a dor pode ser prazerosa se for

delicada, como os espinhos de uma rosa no seu maior explendor. A beleza de estar do outro

lado, contra tudo que lhe ensinaram desde o início da sua vida, contra tudo o que esperam de

você, contra todas as orações e a máscara de piedade que todos usam é o que faz eu sentir

meu sangue correr mais forte pelas minhas veias e artérias.

Não é uma questão de ser má. É somente que ser um demônio ao invés de um anjo é mais sincero

e é a decisão de um coração mais puro em sua essência, daquele que não nega o que é, que não

se fecha na sua brancura e brandura.

Não é uma questão de ser má. É aspenas que o calor do fogo me atrai mais do que o éter, por

ser tão irreal e mesmo assim tão pesado e material que eu posso sentir sua energia na pele.

Não é uma questão de ser má. É apenas o cansaço da teoria que nunca se decide. Nunca se

mostra. Prefiro a realidade do não saber ao desespero de me agarrar a algo irreal,

inventado, improvável.

Não é uma questão de ser má. Ou talvez seja mesmo. Apenas as paixões terrenas que me seduzem

e eu as permito o fazerem, sem medo. É só que a morte não me assusta mais.

É só uma questão de ser má aos olhos vendados pelas mentiras mais maléficas. Isso sim é uma

questão de maldade, pois meu coração é tão puro que aceita a si mesmo com humildade e

gratidão. Pois na luz você não enxerga a escuridão. Mas no escuro qualquer ponto brilhante é

visível.

A maldade é inevitável. Eu só cansei de lutar contra ela. Contra quem eu sou. Contra o que

tudo é. Eu tirei a máscara. Eu me despi totalmente e me pintei com meu próprio sangue. E

mantenho o vermelho sempre bem alimentado, pois quero brilhar na cor mais maligna e sensual

entre todas as outras.

Não é uma questão de ser má. É uma questão de ser livre!

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